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sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Carta de 2019 para 2020



Prezado amigo 2020, seja muito bem-vindo!

Como você pôde perceber, todos estão ansiosos pela sua chegada, assim como estão implorando pela minha partida. Dou meu lugar a você, mas não sem antes lhe dizer algumas coisas.

Você será recebido, assim como eu fui quando cheguei, com muita festa, fogos, orações, praias e ruas lotadas, pessoas pulando ondas, oferendas... enfim. Tudo isso por uma só razão: todos querem que a vida seja melhor durante a sua gestão. A responsabilidade é muito grande, mas espero que você consiga, afinal, terá um dia a mais do que eu para fazer isso.

No começo você não terá muito trabalho. Apenas ouvirá pessoas reclamando do calor, das contas acumuladas no início de ano, do material escolar das crianças... outras fazendo promessas de que vão emagrecer, fazer exercícios, parar de beber, de fumar... mas quando chegar o Carnaval, tudo isso vai passar. Seu trabalho começa, de fato, depois da quarta-feira de cinzas. A partir daí, se prepare, pois começarão a surgir as primeiras reclamações contra você. Mas não se abale.

Você certamente conviverá com coisas boas e ruins em todas as áreas: política, economia, educação, saúde, segurança... verá muitas pessoas de bem tentando fazer um dia melhor a cada dia e, infelizmente, pessoas que querem apenas atrapalhar. Mas não se abale.

Talvez você presencie desastres, tanto naturais, quanto provocados pelo ser humano. Também verá muitas pessoas famosas e anônimas nascendo e tantas outras partindo para o plano espiritual. Mas não se abale.

Caberá a você a honra de receber os jogos olímpicos e paralímpicos de Tóquio, no qual atletas tentarão superar os seus próprios limites. Mas também será durante a sua gestão que todas as cidades do Brasil escolherão seus novos prefeitos e vereadores, o que certamente gerará brigas, intrigas, discussões e até agressões, tudo em nome da política. Mas não se abale.

Ao longo do ano, você verá muitas pessoas reclamando dos infortúnios, alguns evitáveis, e outros não, e com isso, começarão a dizer: “acaba logo 2020!”, assim como está acontecendo comigo. Mas não se abale.

Quando você estiver perto do fim, as pessoas ficarão um pouco mais calmas quando o Natal estiver se aproximando, mas assim que ele passar, já ficarão na expectativa para a chegada do nosso seu irmão mais novo, 2021, e consequentemente, da sua partida. Você, que foi chamado de novo no dia primeiro de janeiro, será chamado de velho no dia 31 de dezembro. Mas não se abale.

Não se abale porque assim como nós, a vida é um ciclo. Alguns dias estamos bem, outros, não. Vivemos alegrias e decepções o tempo todo, mas acabamos aprendendo a conviver com elas. Sabe por que? Porque elas fazem parte da nossa existência. Basta sabermos nos tranquilizar nas alegrias e aprender com as decepções.

Quanto a você, meu amigo 2020, aproveite o momento da sua chegada, pois o mundo está te esperando. Quanto a mim, agora chamado de um “ano velho”, vou me despedindo e torcendo para que você consiga atender a todos os pedidos que serão feitos na hora da virada e lembre-se: são as pessoas que fazem o ano ser bom e não o contrário.

Um grande abraço e sucesso!

Assinado: 2019




quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Dez anos depois, um outro José Luiz


Hoje, 06 de dezembro de 2012, completam-se 10 anos do pior dia da minha vida até agora e que, com certeza, mudou também minha maneira de ser e de viver.

Naquele dezembro de 2002, eu tinha tudo pra comemorar. Aquele foi o ano perfeito para mim. Comemorei muito porque, diferentemente das outras vezes, desde que entrei no colégio Renovação, era a primeira vez que eu passava de ano direto, sem nenhuma recuperação, nem mesmo nas matérias que sempre odiei, como Química, Física e Matemática. Melhor ainda: passei direto justamente no terceiro colegial, ou seja, terminava o ensino médio sem me preocupar em estudar mais, como sempre fiz nos anos anteriores.

Terminados os estudos, eu só queria comemorar e sentir, pela primeira vez desde a quinta série, o gostinho de poder jogar bola, andar de bicicleta, ir para a balada... fazer tudo o que não faria se estivesse de recuperação.

Como parte de minhas “comemorações”, fui ao Estância Alto da Serra, no dia 03 de dezembro de 2012, em uma festa de confraternização da empresa na qual meu tio trabalhava. Comi, bebi e dancei, tentando aproveitar ao máximo aquele momento. No entanto, comecei a sentir uma forte dor nas costas, acompanhada de uma falta de ar que nunca antes havia sentido. Como todo moleque, não dei muita bola para aqueles problemas, e tentei continuar aproveitando a festa, mas tive que parar, pois a dor estava mais forte. Saí da festa e voltei para a casa da minha prima Livia, onde passei uns dias. Antes de dormir e ainda com dor, resolvi tomar um anti-inflamatório.

No dia seguinte, já recuperado da dor e da falta de ar, voltei para casa e fui até a quadra do Renovação, pois as aulas de futebol ainda não haviam acabado. Corri normalmente, sem sentir absolutamente nada, o que me fez ter a certeza de que aquela dor foi apenas momentânea e que o remédio havia dado conta dela.

Na quinta-feira, dia 05, acordei tarde e fui me encontrar com os amigos do prédio para fazer o que todo moleque fazia: jogar bola e falar sobre as meninas. Resolvemos andar um pouco e, de novo, a dor forte e a falta de ar reaparecera, desta vez não nas costas, mas perto do peito, do lado esquerdo. Só que dessa vez ela veio arrasadora e mal me deixava falar ou andar. Dava poucos passos e me abaixava, dobrando o corpo para frente pra tentar amenizar um pouco a dor. O dia estava acabando e era hora de ir para casa. Eu e a dor. Quando deitado, ela parecia menos latente e por isso, resolvi dormir mais cedo naquele dia.

Sexta feira, dia 06 de dezembro. Acordei ainda com um pouco de dor, mas mesmo assim desci novamente para encontrar os amigos. Dessa vez não consegui jogar bola e mal falava direito. Cada minuto que passava, a dor aumentava. Não sei como dimensiona-la, mas era uma dor única, nunca antes sentida. Sem me conter, procurei minha mãe para que eu pudesse ir ao hospital ver que dor estranha era essa.

Cheguei ao hospital e o médico, após me examinar, logo solicitou um Raio – X do tórax. Nunca havia feito um exame desses antes, mas sabia que, sempre depois de fazer um Raio – X, o radiologista me entregava o exame. Porém, naquela oportunidade, estranhamente o radiologista levou o exame direto às mãos do médico, com uma cara muito assustada, como a de quem tinha visto uma assombração. O médico olhou o exame e disse: “Você tem um Pneumotórax Espontâneo. Vou te encaminhar para o cirurgião torácico.” Sempre tive medo de cirurgia e naquela hora, fiquei com mais medo ainda, pois fui pego de surpresa. Esperei no pronto socorro enquanto minha mãe providenciava um quarto no hospital. Mal sabia eu o que vinha pela frente. Aquele quarto passaria a ser minha rotina durante nove dias.

Do pronto socorro, fui direto para o centro cirúrgico, onde uma médica foi incumbida de colocar um cano entre minhas costelas. De um lado do cano, estava eu. Do outro, um balde, que, com o passar dos dias, ia enchendo cada vez mais, ora com um líquido amarelo, ora com um vermelho. Tudo isso saído do meu pulmão esquerdo.

Com o tempo, fui descobrindo o que era um “Pneumotórax Espontâneo”. Isso acontece quando a membrana que envolve o pulmão, conhecido como “Pleura”, sofre uma perfuração, fazendo com que entre ar onde não deve, podendo até provocar parada cardíaca, devido a pressão que o tórax sofre. Quem me explicou foi o doutor Gladstone, chefe da cirurgia torácica do hospital.

Passei nove dias no hospital. Levantava um pouco da cama para andar pelo corredor e depois deitava. Sempre carregando o dreno comigo. Quase todos os dias tinha que fazer novos exames de Raio – X para acompanhar a evolução do tratamento, que, conforme o esperado, vinha dando resultado.

No dia 15 de dezembro tive alta, mas já sabendo que teria de voltar ao hospital três dias depois, no dia 18, para fazer um novo exame e ver se o problema voltou, já que, algumas pessoas que tem um Pneumotórax Espontâneo costumam ter outros depois do primeiro. Caso aparecessem novas bolhas, seria necessária uma cirurgia mais complexa.

Voltei ao hospital no dia 18 e, como desgraça pouca é bobagem, descobri que realmente precisaria de uma cirurgia, pois o pulmão voltara a ficar comprimido, mesmo depois da primeira drenagem. Caí em prantos e fiquei novamente assustado, mas tinha consciência de que aquilo seria a única forma de me livrar definitivamente das bolhas... pelo menos no pulmão esquerdo. Por precaução, o Dr. Gladstone pediu para que eu já ficasse internado no dia 18 para fazer a cirurgia no dia seguinte.

É chegado o dia 19 de dezembro. Acordo novamente na cama do hospital, só aguardando a chegada da maca para me levar ao centro cirúrgico, sensação semelhante a do carrasco chegando à cela para buscar o condenado, rumo à execução. Na área da espera do centro cirúrgico, me via aflito, com o entra e sai de gente operada e de médicos banhados em sangue das cirurgias realizadas. Via também Dr. Gladstone vestindo seu avental e suas luvas, preparando-se para a minha cirurgia. Entrei na sala de cirurgia e só me lembro de ver a enfermeira me colocando o soro no braço direito, enquanto o anestesista preparava a solução que me faria dormir e que foi injetada em um apêndice do cano do soro.

Acordei já operado, no quarto, cheio de dor, de esparadrapos nas costas e com um médico japonês que não parava de mexer no meu novo dreno, colocado durante a operação. Acho que aquele dreno tinha capacidade para uns dois litros de líquido e desta vez, ele estava cheio até a boca. Nunca imaginei que tivesse tanto líquido dentro de mim. Vendo que o dreno não suportava mais uma gota de qualquer coisa, o médico deu um nozinho na mangueira, tirou o balde da extremidade da mangueira, jogou aquele bande fora e, logo em seguida acoplou um novo. Acho que aquela foi a pior noite da minha vida. Dores nas costas, sonda na uretra, novo dreno no pulmão esquerdo e soro do braço direito. Não sei o que me incomodava mais.

No dia seguinte acordei com muitas dores. Logo cedo o Dr. Gladstone veio me ver e, usando o estetoscópio, ouviu que meu pulmão esquerdo simplesmente não funcionava. Logo ele me disse: “Levanta dessa cama e ande pelo corredor. Só assim seu pulmão voltará a funcionar”. Nessa hora, ignorei minhas dores e me esforcei para levantar e tentar não piorar a situação. Depois de caminhar pelo corredor do hospital, ainda moribundo, em razão da anestesia, meu pulmão esquerdo voltava, ainda que lentamente, a funcionar.

A comida era um caso a parte. Não era ruim, por se tratar de uma comida de hospital, mas os horários é que matavam: café da manhã às 7h30, lanche às 10h, almoço às 12h, café da tarde às 3h e janta às 17h30. Isso mesmo, 17h30. Desde quando isso é hora de jantar? E foi assim durante 15 dias, somando as duas internações, até o dia 24 de dezembro, véspera de Natal, quando, finalmente, tive alta.

Esse foi um curto período da minha vida, mas foi o que mais marcou. Negativamente. Depois desta cirurgia, fiquei mais triste, mais inseguro, mais frágil. Conquistei muitas coisas boas nesses 10 anos: um emprego público, um carro, uma faculdade, uma pós-graduação, alguns amigos muito especiais, uma noiva e companheira para todas as horas. Porém, infelizmente não consigo ver em tudo isso, um motivo para a volta do meu sorriso, da minha plena alegria e satisfação com a vida. Muitas vezes penso que sou um peso morto, alguém que não tem a menor ideia do que está fazendo. Alguém confuso, que não consegue tomar nenhuma atitude sozinho, sem pedir a opinião de alguém próximo. Alguém com medo de arriscar e que não consegue planejar o que vai fazer nem daqui a 10 minutos.

Perdi tudo isso em 06 de dezembro de 2002 e hoje, 10 anos depois, ainda não consegui descobrir como recuperar...

José Luiz Guerra

terça-feira, 15 de maio de 2012

Nunca deixe de sonhar


Nunca deixe de sonhar

Se a luz se apagar
Se o vento lhe cortar
Se a chuva te molhar
Nunca deixe de sonhar

Se o dia não nascer
Se o sol não aparecer
Se seu amor te esquecer
Nunca deixe de sonhar

Mesmo se a dor persistir
Mesmo se você não ouvir
O silencioso som da noite cair
Nunca deixe de sonhar

Ainda que lhe falte amor
Independente de tamanho ou cor
E que seja tão doce quanto uma flor
Nunca deixe de sonhar

Sonhar com amar ou ser amado
Sonhar dormindo ou acordado
Sonhe com amor ou acorde para amar
Pois o que a vida me ensina
É que, se for com a minha menina
Nunca deixarei de sonhar...



José Luiz Guerra





quarta-feira, 2 de maio de 2012

Seu madruga: um exemplo a ser seguido?


Ele já foi pintor, sapateiro, carpinteiro, vendedor de balões, leiteiro, vendedor de leite, empresário artístico, entre outros... E nunca deu certo em nenhum dos empregos. O que está por trás dos insucessos profissionais do Seu Madruga?

Em primeiro lugar, ele é uma pessoa com pouco estudo. Resumidamente, “um pobre diabo que mal concluiu o primário”. Com pouco estudo não se vai a lugar nenhum. Ele mesmo já dizia que “Se quiser ser alguém na vida, que devore os livros”. A falta de uma instrução, seja ela qual for, não te permite alcançar vôos altos e em algumas ocasiões, nem mesmo se manter nos mais básicos serviços.

Apesar do pouco estudo, ele mantém sua autoconfiança, o que, às vezes pode atrapalhar e muito a obtenção de um emprego. Mesmo ele que poderia vender refrigeradores a esquimós, precisa em algumas ocasiões, descer do salto e reconhecer que o emprego que conseguiu depois de muitas tentativas talvez seja o melhor que pode fazer no momento.

O terceiro quesito, talvez o mais importante, é a aparência. E isso, como todos nós sabemos falta ao nosso querido Lombriga Anêmica. Se para muitos, a aparência é um fator decisivo na escolha de uma vaga, imaginem só para quem se parece com um Chimpanzé Adestrado?

Sejam quais forem os motivos que aproximam ou afastam Seu madruga de um emprego digno, fato é que ele retrata o típico malandro brasileiro: um cara que tem família e tem consciência de que precisa de dinheiro para cobrir as suas mais íntimas necessidades. Sua malandragem é, mesmo sem um emprego fixo, ter sempre uns trocados pra comprar um cigarro, um jornal ou dar uma força pra sua filha comprar alguma coisa lá na venda. E com tantas despesas assim, como sobraria algo para o aluguel?

E mesmo sendo um personagem fictício, mas com muitas semelhanças com a realidade, talvez o jeito Seu Madruga de ser inspire algumas pessoas que, além de admirá-lo, sonham em viver como ele, levando a vida na gaita e se sustentando com bicos ou recompensas por encontrar cães perdidos.

Na vida podemos viver de Seu Madruga ou como Seu Madruga. Eu prefiro viver de Seu Madruga, e você? Apenas admira nosso bravo Tripa Escorrida ou iria mais além e viveria como ele? Deixe seus comentários...



José Luiz Guerra

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Falando difícil


Quando adentramos em um circulo de companheiros de longa data, nos damos conta do quão é importante cultivar as relações interpessoais presentes na nossa sociedade pós-moderna.  Contudo, a proliferação das atividades proletárias nos impede de manter uma atividade social condizente com nossos anseios.

Em algum momento de nossa existência, especialmente na nossa fase pós- puberdade, nos deparamos com situações deveras conflitantes que nos colocam frente aos paradigmas de nossa existência terrena. Quando analisamos a nossa rotina repleta de compromissos, não nos damos conta de que nos abstivemos de inúmeros momentos de fuga da realidade.

A ausência de discernimento na avaliação de prioridades em nossas vidas nos acomete de diversas maneiras, desde as mais sutis até as mais dolorosas, tais como enfermidades relacionadas a transtornos psíquicos ou moléstias de ordem orgânica.

A melhor providência a ser tomada em casos semelhantes a estes é recorrer aos inúmeros suportes próximos a você, com o intuito de contornar o certame ou ao menos apaziguar as diferenças provenientes da ausência de assiduidade nos compromissos agendados previamente. Alternativas plausíveis são as visitas aos estabelecimentos que comercializam produtos de ordem etílica, prezam pelo entretenimento e pelo bem estar almejado há dias.

Todo esse enredo machadiano, com influências barrocas e parnasianas serve apenas para comunicar a você leitor deste modesto sitio, que o melhor a fazer é LARGAR OS PROBLEMAS DE LADO, JUNTAR AS PESSOAS QUE VOCÊ GOSTA E IR PARA UM BAR NO FIM DE SEMANA!



José Luiz Guerra

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O centenário de um mito


Se estivesse vivo, Amacio Mazzaropi completaria hoje, 09 de abril de 2012, 100 anos. As gerações mais recentes talvez não conheçam o talento e a facilidade com que arrancava gargalhadas do público, com seu humor puro, sem malícia e genuinamente brasileiro.

Desde 1926, quando começou sua carreira artística, trabalhando como assistente de faquir em um circo e contando piadas nos intervalos das apresentações do “patrão” ele já se destacava. No ano de 1935 que Mazzaropi ingressou no teatro, mas foi em 1952 que ele iniciou sua brilhante trajetória no cinema, participando do filme “Sai da Frente”.

Em 1958, com a crise financeira da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, uma das empresas nas quais Mazzaropi atuou em seus primeiros filmes, ele vendeu sua casa e fundou a PAM Filmes, responsável a partir daí por toda a produção de seus longa metragens. Com “Chofer de Praça” sendo a primeira produção da PAM filmes, Mazzaropi passou a ser, além de ator principal, produtor e roteirista dos seus filmes.

Amacio Mazzaropi ficou eternizado pela interpretação do personagem “Jeca Tatu”., criado em 1959 e que passara a ser protagonista de diversos filmes, tais como “Tristeza do Jeca”, “Jeca contra o Capeta” e “Jecão, um fofoqueiro no céu”. Ao todo, Mazzaropi atuou em 15 filmes, deixando a produção “Maria Tomba Homem” inacabada, devido à sua morte.

Não foram apenas as gerações mais antigas, que vivenciaram a carreira de Mazzaropi, que são fãs do eterno Jeca. Crianças e jovens, nascidas após suam morte em 13 de junho de 1981 assistem aos filmes, graças à remasterizações dos episódios. O legado deixado por ele tem valor inestimável, digno dos maiores prêmios. A arte de atuar, escrever e dirigir um filme simultaneamente é desenvolvida por poucos gênios, tais como Charles Chaplin e Roberto Bolaños.

Produções simples, mas que retratavam a realidade do povo brasileiro, com um pouco de bangue- bangue e muito bom humor sempre foram características marcantes dos filmes de Mazzaropi. O próprio Jeca Tatu representa a característica típica do sertanejo humilde que consegue enfrentar as dificuldades da vida. É claro que nem todo mundo é tão preguiçoso e malandro como o Jeca, mas todos têm um Jeca dentro de si.

E para aqueles que viram no começo deste texto a expressão “Se estivesse vivo”, peço o favor de desconsiderar, pois Mazzaropi é imortal.


José Luiz Guerra

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Elogio à feiura

Você acorda pela manhã e vai correndo para o banheiro. Faz xixi, se olha no espelho e leva um baita susto. Rapidamente lava o rosto, achando que tudo não passa de um pesadelo, mas continua a mesma coisa. Não se espante: o que te assustou foi a sua própria cara.

A rotina do feio é dura desde o momento em que coloca o pé pra fora da cama. Sempre é difícil aceitar que aquele rascunho de Pedro de Lara do avesso seja realmente você. E a cada olhada no espelho, parece que a feiúra aumenta.

Na escola, a feiúra traz rejeição. Quase um bulling. Você fica de canto, comendo seu lanche sozinho ou, quando muito, com outros amigos, todos feios. Se sua turma for composta por mais de cinco amigos, então, dá até pra pensar que estão regravando o clip do Thriller.

No trabalho, mais dificuldade. Normalmente, o feio costuma ser inteligente, pois a vida não lhe dá outra alternativa senão estudar, estudar e estudar. No entanto, não é toda empresa que iria contratar uma pessoa capaz de espantar o mais corajoso dos clientes. O jeito é trabalhar longe do público.

No relacionamento, então, a missão é quase impossível: arrumar uma namorada. E nesse quesito, aparecem os dois tipos de feio existentes – os que pensam que são bonitos e os que têm consciência de que são feios. Enquanto o primeiro vai pra balada e atira pra todos os lados, o segundo dificilmente sai e nem gosta muito de aparecer em público, mesmo com seus amigos insistindo pra que ele os acompanhe nas casas noturnas.

Porém, os feios também têm suas qualidades. E são muitas. Primeiramente porque eles não escolheram nascer assim. Eles são fiéis a sua parceira, pois sabem o quanto foi difícil conquistá-la, por isso dão o maior valor a ela. Também são os que mais entram em boas faculdades e em concursos públicos. E quem não tem um amigo feio, que atire a primeira pedra. Eles sempre estão por perto, dispostos a ajudar da maneira que for e nunca deixam um amigo na mão.

Por fim, se você tem um amigo, irmão, namorado ou seja o que for, que tenham nascido desprovidos de beleza, saibam que ele tem muito valor, apesar da cara. Quem sabe ele não seja beneficiado com um pouquinho de beleza nas próximas encarnações?


José Luiz Guerra