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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Quem manda nascer pobre???

Segunda feira, 7h. Você mal conseguiu descansar no fim de semana e já tem que madrugar novamente e ir para o trabalho. Seu ônibus se aproxima do ponto. Sorte a sua de morar quase no ponto inicial da linha. Porém, o coletivo já chega abarrotado, com passageiros pendurados até no escapamento.

Enfim, temos que enfrentar. Ao entrar no “busão”, para sua surpresa, um jovem rapaz, magrelo, de cabelo amarelo, sentado no banco reservado para os idosos e ouvindo um funk no celular. Um celular que tem tudo: Mp3, Mp4, Bluethoth, Wi-Fi, Wireless, câmera... Tudo, MENOS UMA PORRA DE UM FONE DE OUVIDO. E não adianta tentar chamar a atenção do sujeito, pois se ele ouve aquele troço no último volume, dificilmente irá ouvir você ou qualquer outra pessoa que venha lhe dizer que ele está em um banco reservado.

Passado o drama, o ônibus finalmente chega ao metrô. Quem vê de fora pensa que o ônibus é da mesma marca que fabrica aqueles carros de palhaço, que comportam 10 pessoas em um lugar onde caberiam 5. No ônibus, se cabem 44 sentados e 27 em pé, geralmente andam 71 sentados e 125 em pé.

Entrando no metrô, continua o martírio. Ainda mais quando o trem apita dizendo que a porta irá se fechar. Nesse momento, pessoas começam a correr mais que o Usain Bolt pra não perder tempo. Então aparece um sujeito, que segura a porta, impedindo que o trem parta e deixando o condutor cada vez mais puto. Basta ver que ele grita mais alto cada vez que tenta fechar a porta e não consegue. E esse mesmo cidadão que segurou a porta, saca um celular no bolso e, adivinhem... Funk. Nessas horas dá vontade de arremessar o infeliz dentro do túnel.

Depois de o cara ser expulso do trem, graças a alguém que “cagueto” o infeliz via torpedo, a viagem segue. A torcida é para que a estação Ana Rosa chegue logo, para que 40% dos 25.688 passageiros do seu vagão desçam. Os outros 60% agradecem e esperam ansiosamente a chegada da estação Sé.

Hora do almoço. Lá vai você, todo contente atrás de um restaurante. Eis que você chega na porta do restaurante e... aquela puta fila que dobra o quarteirão, fazendo até parecer que estão dando comida de graça, Mas não. A comida é cara e ainda por cima ruim. Arroz e feijão parecendo da semana passada, bife cru e ovo queimado, tudo isso temperado com alguns fios de cabelo que, se juntar, dá pra fazer uma peruca. Mas não podemos reclamar, pois os outros são piores.

Enfim... é hora de voltar pra casa. E se o desespero pra chegar ao serviço é enorme, imagine então para se livrar dele. Filas intermináveis, pessoas se esmurrando em busca de um espaço e uma batalha quase que medieval para tentar entrar no próximo metrô. Eis que, novamente, outro sujeito liga o celular no último volume e começa a ouvir aquele funk com letras mais do que românticas. Desta vez, ninguém vai conseguir avisar o metrô por torpedo, pois não há meio de se mexer dentro do vagão para colocar a mão no bolso e pegar o celular. Esquece... é melhor se concentrar e pensar que o que está tocando é, na verdade, um festival de música boa.

Finalmente, você chega em casa, três horas depois do previsto. Isso te fez perder o Chaves, Os Simpsons e todos os demais programas legais que você queria assistir, mas o trânsito não deixou. Banho tomado, bem alimentado e com o sono batendo à porta, é hora de ir pra cama. Não sem antes ouvir um som lá no fundo que começa a aumentar aos poucos e, quando ele chega próximo à sua janela... Surpresa! Um sujeito aparece em um carro com o som no mais alto volume ouvindo o que? FUNK.

Ainda bem que hoje é só segunda feira e esse martírio há de se repetir mais e mais...



José Luiz Guerra