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quinta-feira, 30 de junho de 2011

A vida de um vampiro da periferia

Edwaldo da Silva era um rapaz tímido, nascido na favela do Heliópolis. Todos os dias levantava cedo pra catar latinhas nas ruas e juntar dinheiro para sustentar seu principal vício: o Corinthians. Ele não conheceu os pais, pois ainda recém nascido, foi abandonado em uma caçamba de lixo. Como não foi visto por ninguém a tempo, Edwaldo foi jogado no triturador do caminhão da prefeitura e, milagrosamente, não sofreu nenhuma fratura, no corpo. No entanto, sua face se deformou, deixando-o com um tenebroso aspecto.

Após receber alta do hospital e sem perspectivas de resgate dos pais biológicos, Edwaldo foi adotado por uma senhora que estava saindo do hospital. No entanto, esta senhora, adepta do Candomblé, participava de rituais de magia negra e usava o garoto como oferenda. Em uma das incorporações de sua avó, ela recebeu o espírito de Rosiclérison de Ogum, um guia que disse a Edwaldo que sua vida iria mudar repentinamente.

Certo dia, Edwaldo andava pelas ruas quando um cachorro vira lata com raiva e picado por uma mutação de mosquito da dengue com malária o mordeu. Dias depois, Edvaldo passou a sofrer diversas mudanças em seu corpo. Sua boca, antes sem nenhum dente, ganhou dois enormes caninos que chegavam até o queixo. Seu corpo magro ficou mais magro ainda e bem curvado, por conta do peso dos dentes.

Desde esse dia, Edwaldo passou a se chamar Edwald Cooller e a vagar pelas ruas de São Paulo em busca de sangue, seu único alimento após a transformação. Ele vivia sozinho, mas seu guia espiritual, Draculairton, o acompanhava o tempo todo e lhe dava orientações de onde poderia conseguir o tal sangue.

Em uma de suas caminhadas, Edwald foi orientado pelo seu guia a entrar em uma casa onde talvez pudesse encontrar sangue nobre. Este lugar chama-se Daslu. Na porta de entrada, foi recebido por um imenso segurança que não o deixara entrar. Irritado com a atitude, Edwald abriu sua boca e disparou seu super poder conhecido como “Bafo Mortal”, arremessando o segurança para longe da porta. Entrando na casa, a procura de sangue, Edwald foi cercado pelos freqüentadores do local que, assustados com seu aspecto repugnante, o tiraram a vassouradas da casa.

Percebendo que ali não iria encontrar seu alimento, o vampiro voltou às ruas, atravessou a cidade a pé e resolveu entrar em um forró risca-faca. Lá se sentiu em casa: dançou com uma, com duas, com três... todos o viam como uma pessoa comum, sem dar importância para sua aparência. E ele também via as pessoas como ele e realmente a maioria das pessoas era bem parecida com Edwald.

O vampiro se sentiu tão em casa que voltou ao forró várias vezes, muitas delas sem se preocupar com seu principal objetivo: o alimento. De tanto frequentar a casa, Edwald virou cliente VIP (Vampiro Indigente e Pobre). Qualquer hora que ele chegasse, entrava sem fila, sem pagar e bebia a vontade, tudo por conta do dono da casa. Camarote exclusivo, garçom a qualquer hora e acesso as mulheres com mais dentes da casa.

Em uma noite de verão, com muito calor e com casa lotada, Edwald pediu ao garçom uma garrafa de Nova Schin, já que a Cristal, sua cerveja preferida, tinha acabado. Entretanto, seu pedido foi trocado por uma das mesas e, sem querer, o garçom trouxe o alimento que o vampiro tanto procurou e não encontrou. Uma garrafa de cinco litros de puro sangue... Sangue de boi.




José Luiz Guerra

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Faça seu funk

É cada vez mais comum vermos na mídia pessoas, clubes de futebol, programas de esporte, entre outros, transformarem em funk qualquer coisa que queiram promover. Mais fica a dúvida: por que fazer justamente um FUNK????

Os casos mais recentes são o Bonde do Mengão sem freio, feito pelo time do Flamengo, funk do João Sorrisão, promovido pela TV Globo e os funks do programa Pânico na TV, que surgiam a cada frase ilustre de seus personagens e ainda por cima eram vendidos como toques de celular.  Mas onde estão os grandes publicitários ou qualquer outra mente brilhante que possa fazer um Jingle interessante, que não seja um Funk?

Fazer funk é simples: pegue um microfone, chame um DJ que faça umas batidas (coisa que você mesmo pode baixar da internet) se auto denomine “MC alguma coisa” e repita incansáveis vezes a mesma coisa, como no funk feito ao jogador Petkovic do Flamengo (PET É O PET É O PET É O PET É O PET É O PET É O PET)

Enfim, se o poeta diria “Faça amor, não faça guerra”, poderíamos dizer: faça música, não faça funk! Fica a sugestão...


José Luiz Guerra

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Valorizem a música brega

Falcão, Waldick Soriano, Sidney Magal... Quando eles aparecem na TV, todo mundo já pensa: “Lá vem besteira...” De fato, a maioria de seus músicas tem letras sem nenhum fundo de seriedade, mas se tornaram populares e são cantadas a todo momento.

Atire a primeira pedra a mulher que nunca cantou versos como “Você é luz, é raio estrela e luar...” enquanto fazia os serviços domésticos. E o machão, que enquanto lava seu carro começa com o célebre verso “Eu não sou cachorro não...”. Involuntariamente a música entra nas nossas cabeças e demoram pra sair.

Com a onda do Trash Music, cantores como Wando e Reginaldo Rossi, por exemplo, deixaram de ser cantores românticos (se é que um dia foram) e se tornaram ícones do brega, chegando até mesmo a aceitar o rótulo. Ou você, leitor, acha que a mulherada joga calcinhas para o Wando porque ele é galã?

Geralmente, essas letras falam de sogra, chifre, e amores mal resolvidos, temas que assolam grande parte dos brasileiros. As músicas acabam se tornando uma espécie de válvula de escape para os que sofrem destes males e acabam se tornando populares.

Música brega é cultura popular, é o dia a dia do povo. Por mais que alguns não gostem, ela faz parte do cotidiano e passará de geração para geração, até o dia em que os problemas cotidianos não forem mais encarados como bom-humor, tornando-os menos sofridos.














José Luiz Guerra