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domingo, 13 de março de 2011

A Maldição do Funk

Você está em casa, assistindo aquele filme na TV que você não via há anos e, de repente, passa um distinto cidadão dentro de um carro, ouvindo Funk no último volume e crente de que aquele som é adorado por todos aqueles que passaram a ouvi-lo compulsoriamente.

Ou então você acaba de vencer uma batalha de horas com seu filho recém-nascido e finalmente consegue colocá-lo pra dormir e vem um desgraçado com o tal do Funk tão alto que quase quebra os vidros da sua casa, faz com que todos os cachorros da vizinhança latam e acabam acordando o coitado do garoto.

Esses são alguns dos milhares de efeitos causados por um infeliz que acha que o Funk é a essência da musica popular brasileira e que todo mundo aguarda ansiosamente para que mais um idiota passe pela rua tocando músicas com letras que mais parecem poesias, tão bonitas que me recuso a publicá-las neste blog.

Normalmente, o carro responsável por nossos momentos de alegria são umas latas velhas que nem Luciano Huck aceitaria para reformar. O equipamento de som vale três vezes mais do que o carro e dez vezes mais do que o dono.

O motorista, então, é aquele cidadão que passa a semana no bar, ou entregando panfletos na rua. Geralmente, anda com boné de aba reta, e está acompanhado de mais três em cada janela do carro, com os braços pra fora na busca de mais uma piriguete.

Não ataco os que gostam de Funk, pois respeito todos os gostos, mas não é possível que alguém goste tanto do ritmo carioca a ponto de obrigar a todos que o ouça. O Funk é muito mais do que letras que expõem a mulher ao ridículo e exaltam grupos criminosos. Ele é um ritmo popular que, desde quando deixou de mostrar rimas que falavam da dificuldade da vida nas favelas e de ser a voz dos excluídos na música, perdeu a graça.

Os funqueiros norte-americanos e os brasileiros, como Claudinho e Bochecha, devem estar se perguntando o que fizeram de errado para que o ritmo caísse em desgraça e passasse a virar tortura para os ouvidos de todos os que não querem e não são obrigados a ouvir.


José Luiz Guerra   

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